sexta-feira, 3 de outubro de 2008




Suspiro, saudade e solidão.

Como posso ser feliz se minha vida se resume a suspirar pelos cantos do mundo por um amor que não me aconteceu ainda, ter saudade de amar com o desapego e desespero que só os apaixonados têm e, depois e acordo desse devaneio sentindo o vazio imenso da solidão?Sofro só em pensar que meu coração é grande demais para se acalmar com migalhas de afeto passageiras, então o pobre coitado fica quieto num canto esperando se abrir finalmente para um amor imenso e não se contenta com menos que isso , que lhe trará a fidelidade e alegria eternas.Mas amar requer cuidados que poucos adquirem e a suavidade que se torna a cada dia mais escassa num mundo onde tudo causa estresse e todos têm pressa para tudo.Desprendimento de sentimentos que se conquista e refina com a experiência de muitos anos amando e respeitando que está ao nosso lado.Amar e sofrer é causa e consequencia.Amor sem medo e receio e abrir o coração corajosamente nos leva ao temor, faz a gente pensar e, sofrer ao pensar se o outro também ama igual totalidadeEntão choro, um choro doído e silencioso que só minha alma e travesseiro ouvem e entendem numa noite de angustia e solidão, causadas pela carência afetiva que me faz tanta falta.As lágrimas molham meu velho amigo travesseiro já amassado tantas vezes e, sem uma vida cheia de amor quero parar de respirar e, depois de tanto chorar suspiro novamente olhando o dia clarear já que nesta noite não me conciliei com o sono, abro a janela do quarto e observo os pássaros deixarem os ninhos.Rabisco linhas na janela ainda úmida pelo orvalho noturno, deixo o pensamento vagar pelas ruas da cidade que preguiçosa começa a se levantar.Me levanto com o peito ainda apertado e pequeno, numa saudade de algo inexplicável já que meu coração não nunca sentiu, mas se lembra e deseja para si...Lembranças são sonhos que a imaginação traz à tona quando dormimos.E a solidão invade meu ser com uma fome voraz e cruel. Ri com escárnio de meus pobres movimentos e rascunhos para ser feliz, mostrando seus dentes enegrecidos pela desilusão e decepção sofridas por minha alma, desilusões tantas vezes vividas, querem me morder mais uma vez.Tenho receio que essa possa ser a última vez que meu coração possa suportar, coitado e, já de tão enfraquecido pela saudade, pereça.Posso morrer de amor não vivido!Como peixe sem água.Abelha sem colméia e florArroz sem feijão.Queijo sem goiabadaPosso me tornar tão insossa e sem graça ao mundo que seria melhor deixar de respirar.Mesmo assim saio. caminho. Falo com quem encontro pelas ruas.Procuro meu amor. Meu sentimento e afeto mas nada me atrai ou satisfaz os meus sonhos e expectativas, planejados durante tantos anos e, que criaram em mim essa ansiedade depressiva pela busca do par ideal.Com tantos desencontros e sem encontros amorosos que façam bater mais forte meu coração.Desisto.Depois volto para casa, suspirando cheia de saudade, enquanto me toma de volta a solidão.

Janete Araújo

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