quarta-feira, 21 de agosto de 2013





A Arte da Guerra








DE Sun Tzu


Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória grande, sofrerá; também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo e nem a si mesmo, perderá; todas as batalhas..."
Na paz, preparar-se para a guerra; na guerra, preparar-se para a paz. A arte da guerra é de importância vital para o Estado. É; uma questão de vida ou morte, um caminho tanto para a segurança como para a ruína. Assim, em nenhuma circunstância deve ser negligenciada. Desta maneira começa o notá;vel documento chinês, escrito há; cerca de 2 mil e 500 anos, no qual é registrada a sabedoria de Sun Tzu, filósofo que se tornou general. Os conselhos de Sun Tzu podem ser usados de diferentes formas e para diversos campos do conhecimento humano. São muito úteis, principalmente, para jovens executivos e empreendedores, assim como para chefes de Estado e comandantes.Em A ARTE DA GUERRA, são discutidos todos os aspectos da guerra — tá;ticos, hierá;rquicos e humanos, entre outros — numa linguagem tão poética quanto didá;tica. James Clavell, autor de prestígio mundial, assina o prefá;cio, onde cita alguns preceitos de A ARTE DA GUERRA  e os contextualiza em nosso cotidiano. Uma obra para ser lida não apenas por todo comandante ou oficial, mas por qualquer pessoa interessada na paz.
Os ensinamentos são baseados em disciplina, planejamento, autoconhecimento e motivação. As estratégias servem para combater o inimigo sem lutar, apenas estudando e atacando seus pontos fracos, é necessário aproveitar-se dos pontos em que o inimigo esteja menos preparado, fazendo investidas constantes e certeiras para perturbá-lo, deixando-o confuso e andando de um lado para outro, sem saber a verdadeira intenção dessas investidas. Sun Tzu dividiu o livro em Treze Capítulos:
1º Capítulo – Análise e Planos: dedicado a importância do planejamento, para prever-se o resultado de uma guerra, deve-se analisar a situação com base em cinco fatores: Caminho - várias mentes com um único ideal, o pensamento de todos em harmonia com seus governantes; Clima – Dia ou noite, frio ou calor; Terra – Distâncias, dificuldades do terreno para disposição de tropas; Líder – Qualidades do comandante; Métodos – Organização, distribuição de postos de comando.
Ter sempre um conhecimento prévio do seu inimigo e compará-lo ao seu, sempre surpreenda seu inimigo, “Há momentos que a maior sabedoria é não saber nada”. 2º Capítulo – Operação de Guerra: Procure sempre uma vitória rápida, com uma batalha longa os recursos tanto financeiros quanto humanos se esgotaram empobrecendo o estado, “Nunca houve um estado que tenha sido beneficiado por uma guerra prolongada” 3º Capítulo – Preparando o Ataque: Conquistar a vitória com os mínimos danos, de Bens e pessoas, dominar um estado ou exército sem destruí-los acaba sendo uma vantagem econômica no pós-guerra. Um exército tem que ser rápido ter agilidade e habilidade para atacar as estratégias do inimigo. 4º Capítulo - Posições e Táticas – Manter a defesa e esperar que o inimigo exponha as suas fraquezas, a capacidade do ataque esta em seu planejamento, chegar à vitória sem mortes. 5º Capítulo – Estratégia do confronto direto e indireto: Saber comandar e organizar um exército independente da quantidade de seus homens, o comandante deve ser rígido e imparcial, durante uma batalha o general pode escolher uma tática frontal que confrontará o inimigo, mas se adotar uma tática surpresa ele conquistará a vitória, as táticas podem ser combinadas de forma infinita. 6º Capítulo – Pontos Fortes e pontos fracos: Procurar manipular o inimigo através de armadilhas, um comandante experiente não se deixa manipular pelo inimigo. 7º Capítulo – Manobras: Define-se em estabilizar a organização das tropas no campo e nas manobras de combate. 8º Capítulo – Eventualidades: Trata-se das mudanças que ocorrem ao longo da batalha, portanto o comandante deve adequar-se a todas as circunstâncias. 9º Capítulo – O exército em movimento: Um comandante tem que procurar conhecer bem o terreno para evitar más situações, pois o conhecimento pode garantir a vitória. 10º Capítulo - O Terreno: se o comandante tiver conhecimento de si próprio do inimigo do terreno e das condições naturais poderá alcançar a vitória absoluta. 11º Capítulo – Nove tipos de situações: Descreve as táticas apropriadas a cada tipo de terreno: dispersivo, marginal, contencioso, aberto, convergente, crítico, difíceis, cercados, desesperado. Ser veloz nos deslocamentos de tropas é essencial em uma guerra, atacando o inimigo onde não é esperado. 12º Capítulo – Ataque pelo fogo: O capítulo descreve vários tipos de ataque incendiário e descreve sobre recompensas aos soldados, pois soldados que enfrentam só dificuldades e trabalho sem reconhecimento, perdem o respeito ao seu general. Nunca se deve atacar o inimigo apenas por impulso causado por algum sentimento de raiva ou ódio. 13º Capítulo – Uso de espiões: A importância de antever os movimentos do inimigo, esse conhecimento só pode se obtido através dos espiões, existem cinco tipos de espiões: espiões locais são os próprios habitantes do país inimigo, agentes internos, funcionários do inimigo, Espiões duplos, agentes inimigos que são corrompidos e depois induzidos a levar informações falsas ao inimigo e ao mesmo tempo espionar seus compatriotas, espiões dispensáveis, agentes do próprio país que levam consigo informações falsas ao inimigo, espiões indispensáveis, que trazem informações valiosas do inimigo.
As estratégias do livro são muito usadas por altos executivos no “mundo dos negócios”, nas concorrências entre empresas, nas disputas de cargos. É Impossível ler a arte da guerra e não associá-lo ao nosso tempo, cada frase do livro nos faz pensar em nossos conflitos diários, na vida profissional, pessoal e em nossas metas que queremos conquistar. Um livro de longa data que ainda continua extremamente atual.

Apresentação do Livro
Escrito no séc. IV a.C., há cerca de 2.500 anos, por Sun Tzu, um general e estratega militar chinês, o livro "A Arte da Guerra" continua ainda hoje a ser admirado como fonte de ensinamentos na área da estratégia. De facto, muitos consideram "A Arte da Guerra" como a origem do próprio conceito de estratégia. Apesar de ser um tratado puramente militar, os conselhos e ensinamentos de Sun Tzu são perfeitamente adaptáveis ao mundo das empresas e dos negócios; basta para isso olhar para a concorrência como o inimigo e para o mercado como o campo de batalha.

Capítulos do Livro
O "A Arte da Guerra" é composto por treze capítulos, que exploram diversos aspectos da estratégia militar, nomeadamente:
1. Planeamento Inicial: coloca a ênfase na importância do planeamento - antes de iniciar qualquer acção é necessário determinar cinco aspectos de fulcral importância: o caminho, o clima, o terreno, a liderança e a disciplina;
2. Condução da Guerra: destaca as consequências internas da guerra e coloca a ênfase na rapidez e eficiência das acções de forma a conservar a energia e os recursos e assim minimizar o desgaste causado;
3. Estratégia Ofensiva: refere a importância de manter intacto o maior número de coisas possíveis - o melhor seria mesmo vencer as batalhas mesmo sem lutar; refere ainda a importância do conhecimento do inimigo e de nós próprios para vencer as batalhas;
4. Disposições Táticas (ou O Poder da Defesa): coloca a ênfase na disposição das tropas no terreno e declara que o segredo da vitória está na adaptabilidade e inescrutabilidade.
5. Energia em Potência: é relevada a força, ou o ímpeto, a estrutura dinâmica do grupo em acção, a coordenação, a coerência da organização e são apresentados diversos métodos de ataque e defesa;
6. Pontos Fortes e Fracos (ou Vazio e Cheio): destaca a importância de conservar a própria energia e de, em simultâneo, induzir o inimigo a esgotar a sua;
7. Manobras: trata da organização efectiva no campo de batalha e das manobras de combate, ao mesmo tempo que refere outros assuntos de especial importância para o sucesso;
8. Nove Variáveis Táticas: é colocada a ênfase na adaptação, vista como um dos pilares da arte de guerrear; as nove variáveis são:
. Não acampe em terrenos baixos;
. Não ignore a diplomacia em terreno aberto (comunicante);
. Não permaneça em terreno desolado;
. Em terreno fechado, planeie uma fuga;
. Em situação desesperada, lute até a morte;
. Há estradas que não devem ser seguidas;
. Há momentos em que não se deve capturar o inimigo;
. Há cidades que não devem ser atacadas, territórios que não devem ser disputados;
. Há ocasiões em que as ordens do comandante não devem ser seguidas.
9. Marchas ou Movimentações do Exército: trata das manobras estratégicas do exército e fala dos três aspectos chave da arte do guerreiro: o físico, o social e o psicológico.
10. Terreno: mais uma vez é colocada a ênfase na adaptabilidade, neste caso às condições do terreno - são caracterizados os diversos tipos de terreno existentes e apresentadas as formas mais adequadas de actuar em cada tipo;
11. Nove Classe de Terreno (ou Nove Regiões): é novamente analisada a questão da adaptação ao terreno. As nove regiões analisadas são: a região de dispersão, a região leve, a região de contenda, a região de comunicação, a região de interseção, a região pesada, a região ruim, a região sitiada e a região de morte (ou mortal).
12. Ataques com Fogo: faz uma descrição dos cincos tipos de ataque incendiário: o primeiro é atear fogo às tropas inimigas; depois, às suas provisões; em terceiro, queimar os seus transportes; quarto, o seu arsenal e; por último as suas vias de abastecimento. 
13. Utilização de Agentes Secretos: é valorizada a utilização de espionagem como forma de reduzir os custos da guerra e são caracterizados os cinco tipos de espiões: espião local que é contratado entre a população da região em que são planeadas as operações; espião infiltrado que é contratado entre os oficiais de um regime contrário; espião reverso que é um agente duplo, contratado entre os espiões inimigos; espião morto que é o que recebe a missão de levar informações falsas ao inimigo e; espião vivo que é o que vem e vai com informações.

Algumas passagens:
“Derrotar o inimigo em cem batalhas não é a excelência suprema; a excelência suprema consiste em vencer o inimigo sem ser preciso lutar.”
“O comandante apóia sua autoridade nestas virtudes: sabedoria, justiça, benevolência, rigor e coragem.“
“A arte da guerra se baseia no engano. Portanto, quando és capaz de atacar, deves aparentar incapacidade e, quando as tropas se movem, aparentar inatividade. Se estás perto do inimigo, deves fazê- lo crer que estás longe; se longe, aparentar que se está perto.”
“Se você conhecer o inimigo e a si mesmo, não precisa temer o resultado de uma centena de batalhas.”
“Não há mais de cinco notas musicais, entretanto as combinações das cinco dão origem a mais melodias do que as que poderão jamis ser ouvidas.”
"Lutar com um grande exército sob seu comando não é de forma alguma diferente de lutar com um grupamento reduzido: é meramente uma questão de estabelecer disposições e instituir sinas.”

PREPARAÇÃO DOS PLANOS
Sun Tzu disse:
A arte da guerra é de importância vital para o estado. É uma questão de vida ou morte, um caminho tanto para a segurança como para a ruína. Assim, em nenhuma circunstância deve ser negligenciada.
A arte da guerra é governada por cinco fatores constantes, que devem ser levados em conta. São: a Lei Moral; O Céu; a Terra; o chefe; o Método e a disciplina.
A Lei Moral faz com que o povo fique de completo acordo com seu governante, levando-o a segui-lo sem se importar com a vida, sem temer perigos.
O Céu significa a noite e o dia, o frio e o calor, o tempo e as estações.
A Terra compreende as distâncias, grandes e pequenas; perigo e segurança; campo aberto e desfiladeiros; as oportunidades da vida e morte.
O chefe representa as virtudes da sabedoria, sinceridade, benevolência, coragem e retidão.
Deve-se compreender por Método e disciplina a disposição do exército em subdivisões adequadas, as graduações de posto entre os oficiais, a manutenção de estradas por onde os suprimentos devem chegar às tropas e o controle dos gastos militares.
Esses cinco fatores devem ser familiares a cada general. Quem os conhecer, será vencedor; quem não os conhecer, fracassará.
Toda operação militar tem o logro como base.
Por isso, quando capazes de atacar, devemos parecer incapazes;
ao utilizar nossas forças devemos parecer inativos;
quando estivermos perto, devemos fazer o inimigo acreditar que estamos longe;
quando longe, devemos faze-los acreditar que estamos perto.
Preparar iscas para atrair o inimigo. Fingir desorganização e esmagá-lo. Se ele está protegido em todos os pontos, esteja preparado para isso. Se ele tem forças superiores, evite-o. Se o seu adversário é de temperamento irascível, procure irritá-lo. Finja estar fraco e ele se tornará arrogante. Se ele estiver tranqüilo não lhe dê sossego. Se suas forças estão unidas, separe-as. Ataque-o onde ele se mostrar despreparado, apareça quando não estiver sendo esperado.
O general que faz muitos cálculos vence uma batalha; o que faz pouco, perde. Portanto, fazer cálculos conduz à vitória e poucos à derrota.
GUERRA EFETIVA
Quando nos empenhamos numa guerra verdadeira, se a vitória custa a chegar, as armas dos soldados tornam-se pesadas e o entusiasmo deles enfraquece. Se sitiamos uma cidade, gastaremos nossa força e se a campanha se prolongar, os recursos do estado não serão iguais ao esforço. Nunca esqueça: quando suas armas ficarem pesadas, seu entusiasmo diminuído, a força exaurida e seus fundos gastos, outro comandante aparecerá para tirar vantagem da sua penúria. Então, nenhum homem, por mais sábio, será capaz de evitar as conseqüências que advirão.
ENERGIA
A confusão simulada requer uma disciplina perfeita;
o medo fingido exige coragem;
a fraqueza aparente pressupõe força.
Esconder a ordem sob a capa da desordem é apenas uma questão de subdivisão;
ocultar a coragem sob um ar de timidez pressupõe um fundo de energia latente;
mascarar a força com a fraqueza é ser influenciado por disposições táticas.
(Essa parte do livro é fantástica! Me lembraram algumas regras dos samurais que li uma vez em um quadro no consultório de um médico)
Assim, aquele que for hábil em manter o inimigo em movimento, conserva uma aparência decepcionante, de acordo com a qual o inimigo irá agir. Sacrifica uma coisa que o inimigo poderá pegar; lançando iscas, ele o mantém em ação; então, com um corpo de homens selecionados, fica à sua espera.
O guerreiro inteligente procura o efeito da energia combinada e não exige muito dos indivíduos. Leva em conta o talento de cada um e utiliza cada homem de acordo com sua capacidade. Não exige perfeição dos sem talento.
PONTOS FORTES E FRACOS
Mesmo que o inimigo seja mais forte em tropas, podemos impedi-lo de combater. Planeje de forma a descobrir seus planos e a sua probabilidade de sucesso. Provoque-o e descubra a base da sua atividade ou inatividade. Force-o a revelar-se, de forma a exibir seus pontos vulneráveis. Compare meticulosamente o exército adversário com o seu, de forma a saber onde a força é superabundante e onde é deficiente.
O que o vulgo não pode compreender é como a vitória pode ser obtida por ele a partir das próprias táticas do inimigo.
Na guerra, pratique a dissimulação e terá sucesso. Mova-se apenas se houver uma vantagem real a ser obtida. Deixe que sua rapidez seja a do vento; sua solidez a da floresta.
Pondere e delibere antes de fazer um movimento. Vencerá quem tiver aprendido o artifício do desvio. Essa é a arte de manobrar.
O EXÉRCITO EM MARCHA
Se, ao treinar soldados, as ordens forem diariamente reforçadas, o exército será bem disciplinado; do contrário, sua indisciplina será nefasta.
Se um general demonstra confiança em seus soldados, mas insiste sempre em que suas ordens sejam obedecidas, a vantagem será mútua. A vacilação e a meticulosidade exagerada são os meios mais eficazes de solapar a confiança de um exército
TERRENO
O general que avança sem desejar fama e recuar sem temer o descrédito, cujo único pensamento é proteger seu país e prestar um bom serviço ao soberano, é a jóia do reino.
Trate seus soldados como seus filhos e eles o seguirão aos vales mais profundos; trate-os como filhos queridos e o defenderão com o próprio corpo até a morte.
Se, porém, você for indulgente, mas incapaz de fazer valer sua autoridade; bondoso, porém incapaz, além disso, de dominar a desordem, então seus soldados ficarão iguais a crianças estragadas; ficarão inúteis para o que for.
O soldado experiente, uma vez em marcha, nunca fica desorientado; uma vez que levantou acampamento, nunca fica perplexo. Daí o ditado: se você conhece o inimigo e a si mesmo, sua vitória não será posta em dúvida; se você conhece o Céu e a Terra, pode torná-la completa.
AS NOVE SITUAÇÕES
Em terreno dispersivo, não lute.
Em terreno fácil, não pare.
Em terreno controverso, não ataque.
Em terreno aberto, não tente barra o caminho do inimigo.
Em terreno de estradas cruzadas, una-se aos seus aliados.
Em terreno sério, saqueie.
Em terreno difícil, marche sempre.
Em terreno cercado, recorra a estratagemas.
A rapidez é a essência da guerra. Tire partido da falta de preparação do inimigo, marche por caminhos onde não é esperado e ataque pontos desprotegidos.
Seja sutil! Seja sutil!
E a melhor frase de Sun Tzu: “As armas são sempre motivo de maus pressentimentos…”
Capítulo I - Estimativas ou Cálculos

A guerra é um assunto de vida ou morte para um Estado, deve então ser seriamente estudada.
Cinco fatores são fundamentais:

1) A moral: um soberano deve ter a confiança de seu povo para conseguir levá-lo à guerra e arriscar suas vidas.

2) O clima: compreensão e bom uso das estações do ano.

3) O terreno: as condições físicas da geografia local, o cálculo das distâncias.

4) O comando: as cinco qualidades básicas de um general, a saber, a coragem, o rigor, a sabedoria, a sinceridade e a humanidade.

5) A Doutrina: tudo que concerne à manutenção e administração das tropas.

O conhecimento desses cinco fatores possibilitará a previsão de que lado vencerá. Aquele que melhor souber usá-los poderá criar situações que o levem à vitória.
Sete cálculos respondem sobre a vitória.
1) Quem pode unir povo e exército?
2) Quem tem um melhor comandante?
3) Quem tem vantagem sobre o terreno e o clima?
4) Quem pode garantir mais ordem e disciplina?
5) Quem tem um exército superior?
6) Quem tem homens mais treinados?
7) Quem tem um sistema mais justo de recompensa e punição?

Com muitos cálculos pode-se vencer, com poucos não. Mas sem eles as chances são nulas.

Toda guerra baseia-se no ardil, um bom comandante sempre dissimulará as suas reais condições com o intuito de ludibriar o inimigo e criar as condições de vitória.

Capítulo II - A Condução da Guerra ou Planejamento

Os custos de uma guerra são muito elevados para qualquer Estado, a manutenção das tropas por longos períodos de tempo leva um reino à ruína. Assim, a chave da guerra está na vitória e não na sua prolongação.

Capítulo III - Estratégia Ofensiva

Na guerra, o objetivo é tomar o Estado intacto. A habilidade consiste em derrotar o inimigo sem lutar.
Portanto deve-se primeiro atacar a estratégia do inimigo; em seguida deve-se romper as alianças dele; o melhor passo seguinte é atacar seus exércitos.
A pior atitude é cercar uma cidade, pois isso consome recursos e tempo.

Aquele que consegue tomar o império intacto, não cansa suas tropas e domina a arte da estratégia ofensiva.
No uso das tropas assim é que se deve proceder:
a) Quando suas tropas estiverem na proporção de dez para um em relação ao inimigo, cerca-o.
b) Quando tiver cinco para um, ataca-o.
c) Se a força dele é o dobro da sua, divide-o.
d) Se sua força for numericamente mais fraca, certifique-se da possibilidade de retirada.
e) Havendo equilíbrio de forças, vá à combate. Prevalecendo a igualdade, tente enganá-lo.

O comando das tropas cabe exclusivamente ao general, existem três modos de um governante atrapalhar seu exército:
a) Quando não sabe quando atacar ou recuar e interfere nas ordens do general.
b) Quando ignora os assuntos militares e se intromete na administração dos exércitos.
c)Quando participa do exercício da responsabilidade, dividindo a cadeia de comando e confundindo os oficiais.

Existem, assim, cinco modos de ganhar:
a) Saber quando combater ou não.
b) Saber utilizar a força máxima de um exército, numeroso ou não.
c) Possuir tropas firmes no apoio ao seu comandante.
d) Ser prudente e aguardar uma imprudência do inimigo.
e) Possui generais hábeis e independentes.

Estas cinco matérias, garantem a vitória, pois aquele que conhece a si e ao inimigo, será invencível; aquele que conhece a si mas desconhece o inimigo terá chances iguais de vitória e derrota; aquele que desconhece a si e ao inimigo, corre risco constante.

Capítulo IV - Disposições ou O Poder da Defesa

Os homens letrados na guerra podem fazerem-se invencíveis, mas não podem ter certeza da vulnerabilidade do inimigo. Assim, é possível saber vencer, mas não se garante conseguir vencer.
A invencibilidade reside na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Aquele que está em inferioridade de forças, defende-se; aquele que é superior, ataca.
Quem domina os elementos da arte da guerra, não será aclamado por suas vitórias no campo de batalha, pois vence sem cometer erros, combate um inimigo já derrotado. Isso o vulgo não compreende, nem valoriza. O perito se torna primeiro invencível e espera a falha do inimigo.

Os elementos da arte da guerra são:
1) A medida do espaço: possibilita o cálculo dos custos.
2) O cálculo dos custos: garante as estimativas de forças.
3) As estimativas: levam à comparação das forças.
4) As comparações dos números, possibilitam o cálculo das probabilidades de vitória.
5) As probalilidades de vitória. Assim um exército luta como a água que corre do desfiladeiro.

Capítulo V - Energia ou Formação

Dirigir muitos é o mesmo que dirigir poucos, é uma questão de organização.
Do mesmo modo, comandar muitos é o mesmo que comandar poucos, é uma questão de comunicação.
Numa guerra, os exércitos se valem de ataques diretos e indiretos (ataques-surpresa). Mesmo só existindo esses dois tipos, suas combinações são infinitas. Aquele que bem souber usá-los e neutralizá-los será imprevisível como o céu e a terra e inexaurível como os grandes rios.
O exército que se mantém em prontidão, será mortífero ao desferir o golpe. O general que for habilidoso extrairá a vitória da situação, aproveitando o potencial de seus homens, mas jamais atribuirá o fardo da vitória unicamente a eles. Utiliza seus homens como quem rola pedras e paus da ribanceira.

Capítulo VI - Pontos Fortes e Fracos

O bom general deve ocupar o campo de batalha antes do inimigo. Aquele que primeiro toma a iniciativa leva vantagem. Atraia o inimigo para onde deseja que ele vá. Faça ameaças para que ele não chegue onde deseja ir.

Se o opositor estiver tranqüilo, agite-o; se alimentado, faça-o passar fome; se imóvel, faça-o mover-se. Esgote-o, depois confunda-o. Enquanto o inimigo divide-se, devemos nos concentrar.

Quem tem poucos prepara-se para o inimigo; quem tem muitos, força o inimigo a prepara-se contra ele.

O exército é como a água, ataca os fracos e evita os poderosos. Molda-se a situação do inimigo como a água ao terreno. Assim como a água não tem forma constante, também a guerra comporta-se desta maneira.

Capítulo VII - Manobra

Quando tropas se movimentam, devem tornar o caminho tortuoso no mais direto. Deve-se tomar uma rota indireta e lançar uma isca para o inimigo. Assim é possível sair depois e chegar primeiro ao campo de batalha. Mas deve-se ter em mente que tanto a vantagem quanto o perigo são inerentes à manobra.

Tropas que se movimentam com todos seus equipamentos e provisões são lentas. Se partir e deixar para trás suas provisões, andará mais rápido, mas poderá perder sua bagagem. Tropas que movem-se rapidamente, sem suas bagagens e sem descanso, chegarão mais rapidamente, porém se desorganizarão. Os mais fortes deixarão os mais fracos para trás e somente um décimo das tropas chegará ao campo de batalha. Não se vence uma batalha onde se entrou rapidamente. Um exército sem provisões se esgota.

Aquele que conduz o exército deve conhecer as condições das montanhas, dos desfiladeiros, das florestas, dos pântanos e dos brejos para ter sucesso. Aquele que não usa guias locais não terá acesso às vantagens do terreno.

Na velocidade, sê rápido como o vento. Na quietude, silencioso como a floresta. Na agressão, feroz como o fogo. Na defesa, incólume como a montanha. Ao esconder-se, sê como as nuvens negras; ao atacar, como um raio.

Capítulo VIII - As Nove Variáveis

Não acampe em terrenos baixos.
Não ignore a diplomacia em terreno aberto (comunicante).
Não permaneça em terreno desolado.
Em terreno fechado, planeje uma fuga.
Em situação desesperada, lute até a morte.
Há estradas que não devem ser seguidas.
Há momentos em que não se deve capturar o inimigo.
Há cidades que não devem ser atacadas, territórios que não devem ser disputados.
Há ocasiões em que as ordens do comandante não devem ser seguidas.
Mesmo aquele que conhece o terreno, fracassará se não conhecer as nove variáveis. Sempre deve levar em contra os fatores favoráveis e desfavoráveis.

Na guerra, não se deve esperar que o inimigo venha, mas estar pronto quando ele chegar. Não presumir que ele atacará, mas tornar-se invencível antes.

Existem cinco fraquezas que devem ser evitadas num comandante. Quando é descuidado, é fácil matá-lo. Quando é covarde, é fácil capturá-lo. Quando é irascível, é fácil provocá-lo. Quando é honrado, é fácil insultá-lo. Quando é benevolente, é fácil preocupá-lo.

Capítulo IX - Marchas ou Mobilização

Ao posicionar tropas fique longe das montanhas e perto dos vales. Ocupe a parte mais alta do terreno. Nunca lute montanha acima. Essa é a estratégia para regiões montanhosas.

Ao atravessar um rio, distancia-se da margem rapidamente. Nunca ataque quando o inimigo estiver atravessando o rio, espere que metade de suas tropas tenha atravessado para atacar. Não espere o adversário perto da margem, busque o terreno próximo mais elevado. Essa é a estratégia para regiões de rios.

Num terreno pantanoso, atravesse-o rapidamente. Ao encontrar o inimigo, estejas perto da grama e com a floresta às costas. Essa é a estratégia para o pântano.

Num terreno plano, posicione sua retaguarda e o flanco direito no terreno mais alto. Essa é a estratégia para regiões planas. Eis os quatro tipos de guerra.

Quando os emissários são humildes, mas os preparativos continuam, o inimigo avançará. Quando as tropas mostram-se apressadas e o emissário é arrogante, o inimigo se retirará. Quando os emissários são bajuladores, deseja-se uma pausa. Se, sem alguma razão, pedem trégua, é porque planejam algo.

Capítulo X - Terreno

Há os seguintes tipos de terreno:
O terreno fácil é uma área acessível para você e para seu inimigo. Aquele que ocupar sua parte mais alta e guardar a via de abastecimento levará vantagem.
O terreno difícil é área que é fácil de entrar e difícil de sair, é simples atacar tropas que não estão preparadas neste terreno. Aquele que bloquear o caminho de saída terá vantagem.
O terreno neutro é aquele em que é complexo tanto para você como para o opositor lançarem a ofensiva. Deve-se bater em retirada neste terreno e esperar que o inimigo o persiga para se poder atacá-lo.
O terreno estreito nunca deve ser atacado se já se tiver armado sua defesa, mas se não estiver pronta é possível atacá-lo.
No terreno íngreme deve-se ocupar a parte mais alta primeiro e aguardar o inimigo.
Em terreno distante é difícil tomar a iniciativa de combate para ambos os lados.
Estes seis tipos de terreno devem ser estudados e compreendidos por todos.

Existem erros de comando que podem desestabilizar um exército:
Uma força equilibrada porá uma força dividida em fuga.
Soldados bem treinados comandados por oficiais fracos geram insubordinação.
Chefes rigorosos e soldados fracos geram o colapso no exército.
Soldados vingativos e desobedientes levam o exército à destruição.
Quando os soldados não tem disciplina e as ordens não são claras surge a desorganização no exército.
Quando o comandante é incapaz de avaliar o inimigo e o enfrenta em desigualdade, o resultado será a debandada das forças.
Essas seis causas de derrota devem ser estudadas e o comandante deve ser responsabilizado.

O bom general é a principal jóia do estado. Pois ele sabe considerar esses fatores.

Capítulo XI- As Nove Variedades de Terreno ou As Nove Situações Clássicas

Quando se luta dentro do próprio território, esta é uma situação cômoda. Não ataque antes que o inimigo tiver penetrado bastante em seu território.
Quando se luta em território inimigo mas não se avançou bastante, esta é uma situação simples. Nesta situação, nunca pare de avançar.
Um terreno de ocupação vantajosa tanto para mim como para o inimigo está numa situação crítica. Deve-se sempre avançar primeiro e nunca atacar se o inimigo estiver na vantagem.
Um terreno acessível para ambos estará numa situação aberta. Nele também é melhor avançar primeiro e fortalecer as defesas e comunicações.
Um terreno que oferece fronteira com vários Estados encontra-se numa situação de controle. Nele deve-se usar da diplomacia para fortalecer os vínculos com os estados vizinhos.
Quando se luta bem no interior do estado inimigo e se deixou para trás muitas cidades inimigas esta é uma situação séria. Certifique-se que não faltará provisões.
Lutar em terreno pantanoso, de altas florestas ou de desfiladeiros, está-se numa situação perigosa. É mister nunca permanecer mais do que o necessário.
Lutar em terreno de acesso estreito e saída distante caracteriza uma situação difícil. Planeje como sair de uma armadilha.
Um terreno onde a única chance está na batalha, cria uma situação desesperada. A única saída é lutar até a morte.

Aquele que tem uma boa estratégia ataca por todos os lados.
Evita a comunicação entre as tropas inimigas, confude-as. Ataque quando for favorável.
Se atacado por inimigo superior, descubra que ponto ele visa e ocupa-o com todas as suas forças. Ele cederá.
Aproveite-se do despreparo do inimigo, mova-se em direções inesperadas e ataque locais desprotegidos.
Lembre-se, na guerra a velocidade é crucial.

O bom líder militar comanda um milhão de homens como se comandasse um só.
E num campo de batalha dispõe as tropas de modo a não haver outra saída senão lutar pela própria vida.
Atraia o inimigo sendo tímido como uma donzela. Depois ataque-o rapidamente como uma lebre.

Capítulo XII- Ataques com Fogo

Há cinco métodos para ataques com fogo. O primeiro é atear fogo nas tropas inimigas. Depois, em suas provisões. Em terceiro, queimar seus transportes. Quarto, seu arsenal e por último suas vias de abastecimento.

Em uma guerra só os interesses do Estado contam. Um governante não deve declarar guerra por estar encolerizado. Um general não pode ir à guerra por estar ressentido. Pois um homem zangado pode tornar-se feliz. Um homem pesaroso pode ficar satisfeito. Mas um país destruído não pode ser recuperado. Um homem morto não pode reviver.

Capítulo XIII - O Serviço Secreto ou O Emprego de Agentes Secretos

Considerando os custos que a guerra traz e o tempo que ela consome, é imprudência recusar-se a comprar informações sobre o opositor.
É impossível vencer sem ter informações prévias do inimigo. Elas não podem ser obtidas através de conjecturas, superstições ou forças sobrenaturais. Só podem ser obtidas com aqueles que conhecem bem a situação do inimigo.
Os cinco tipos de espiões. O espião local é o camponês nativo. O espião interno é aquele que é oficial do inimigo. O espião convertido é aquele que servia ao inimigo e foi comprado. Espiões mortais são aqueles que sacrificamos dando informações falsas ao inimigo. Espiões seguros são aqueles que podem retornar para relatar as informações coletadas.
Nenhum oficial é mais querido que o espião. Nem melhor recompensado. Ele desfruta da confiança do comandante.
Apenas os generosos e humanos obtêm todas as informações de um espião. Apenas os cautelosos e engenhosos podem precisar a exatidão das informações recebidas.
Planos de espionagem revelados antes de postos em prática devem ser punidos coma morte do espião e do informante.

Trecho de A Arte da Guerra, de Sun Tzu

Capítulo V
Estratégia do Confronto Direto e Indireto
"Comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização."
Sun Tzu disse:
"Comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização. Controlar muitos ou poucos é uma mesma e única coisa. É apenas uma questão de formação e sinalizações".
Lembre-se dos nomes de todos os oficiais e subalternos. Inscreva-os num catálogo, anotando-lhes o talento e suas capacidades individuais, a fim de aproveitar o potencial de cada um. Quando surgir oportunidade aja de tal forma que todos os que deves comandar estejam persuadidos que seu principal cuidado é preservá-los de toda desgraça.
As tropas que farás avançar contra o inimigo devem ser como pedras atiradas em ovos. De ti até o inimigo, não deve haver outra diferença senão a do forte ao fraco, do cheio ao vazio. São as operações chamadas "diretas" e "indiretas" que tornam um exército capaz de deter o ataque das forças inimigas e não ser derrotado.
Em batalha, use geralmente operações "diretas" para fazer o inimigo engajar-se na luta e as operações "indiretas" para conquistar a vitória.
Em poucas palavras, o que consiste a habilidade e a perfeição do comando das tropas é o conhecimento das luzes e das trevas, do aparente e o secreto. É nesse conhecimento hábil que habita toda a arte. Assim, o perito ao executar o ataque "indireto" assemelha-se ao céu e as terras, cujos movimentos nunca são aleatórios, são como os rios e mares inexauríveis.  Assemelham-se ao sol e à lua, eles tem tempo para aparecer e tempo para desaparecer. Como as quatro estações, ele passa, mas apenas para voltar outra vez.
Não há mais que cinco notas fundamentais, mas, combinadas, produzem mais sons do que é possível ouvir; não há mais que cinco cores primárias, mas, combinadas, produzem mais sombras e matizes do que é possível ver; não há mais que cinco sabores, mas, combinados, produzem mais gostos do que é possível saborear.
Da mesma forma, para ganhar vantagem estratégica na batalha, não há mais que as operações "diretas" e "indiretas", mas suas combinações são ilimitadas dando origem a uma infindável série de manobras. Essas forças interagem, um método sempre conduz ao outro. Assemelham-se, na prática, a uma cadeia de operações interligadas, como anéis múltiplos, ou como a roda em movimento, que não se sabe onde começa e onde termina.
Na arte militar, cada operação tem partes que exigem a luz do dia, e outras que pedem as trevas do segredo. Não posso determiná-las de antemão. Só as circunstâncias podem ditá-las. Opomos grandes blocos de pedra às corredeiras que queremos represar, empregamos redes frágeis e miúdas para capturar pequenos pássaros, entretanto, o caudal rompe algumas vezes seus diques após tê-los minado aos poucos.
Quando uma ave de rapina se abate sobre sua vítima, partindo-a em pedaços, isso se deve à escolha do momento preciso. A qualidade da decisão é como a calculada arremetida de um falcão, que lhe possibilita atacar e destruir sua vítima. Portanto, o bom combatente deve ser brutal no ataque e rápido na decisão.
Embaralhada e turbulenta, a luta parece caótica. No tumulto de um combate pode parecer haver confusão, mas não é bem assim, entre a confusão e o caos uma formação de tropas pode parecer perdida e mesmo assim impenetrável, sua disposição é na verdade circular e não podem ser derrotadas. A confusão simulada requer uma disciplina perfeita, afinal, o caos estimulado se origina do controle, o medo fingido exige coragem, a fraqueza aparente se origina da força. Ordem e desordem é uma questão de número, de logística; coragem e medo é uma questão de configuração estratégica do poder, vantagem estratégica; força e fraqueza é uma questão de disposição das forças, posição estratégica.
O sábio comandante possui verdadeiramente a arte de liderar aqueles que souberam e sabem potencializar sua força, que adquiriram uma autoridade ilimitada, que não se deixam abater por nenhum acontecimento, por mais desagradável que seja. Aqueles que nunca agem com precipitação, que se conduzem, mesmo quando surpreendidos com o sangue-frio, que tem habitualmente nas ações meditadas e nos casos previstos antecipadamente. Aqueles que agem sempre com rapidez, fruto da habilidade, aliada a uma longa experiência. Assim, o ímpeto de quem é hábil na arte da guerra é irrefreável e seu ataque é regulado com precisão.
O primeiro imperador Han (256-195 a.C.), desejando esmagar seu oponente Hsiung-nu, enviou espiões para conhecer sua condição. Mas este, sabedor do fato, ocultou com cuidado todos os soldados fortes e todos os cavalos bem alimentados, deixando apenas homens doentes e gado magro à vista. O resultado foi que os espiões, por unanimidade, recomendaram ao imperador que atacasse.

O Manual do guerreiro da luz




Um guerreiro da luz nunca esquece a gratidão.
Durante a luta, foi ajudado pelos
anjos; as forças celestiais
colocaram cada coisa em seu lugar, e permitiram que ele pudesse
dar o melhor de si.
Os companheiros comentam: "como tem sorte!". E o
guerreiro às vezes consegue muito mais do que sua capacidade
permite.
Por isso, quando o sol se põe, ajoelha-se e agradece o
Manto Protetor a sua volta.
Sua gratidão, porém, não se limita ao mundo espiritual; ele
jamais esquece os amigos, porque o sangue deles se misturou
ao seu no campo de batalha.
Um guerreiro não precisa que ninguém lhe recorde a ajuda
dos outros; ele se lembra sozinho, e divide com eles a
recompensa.
Todos os caminhos do mundo levam ao coração do
guerreiro; ele mergulha sem
hesitar no rio de paixões que
sempre corre por sua vida.
O guerreiro sabe que é livre para
escolher o que desejar;
suas decisões são tomadas com coragem, desprendimento, e - as
vezes - com uma certa dose de loucura.
Aceita suas paixões, e as de
sfruta intensamente. Sabe
que não é preciso renunciar ao entusiasmo das conquistas; elas
fazem parte da vida, e alegra a todos que delas participam.
Mas jamais perde de vista as coisas duradouras, e os laços
criados com solidez através do tempo.
Um guerreiro sabe distinguir o
que é passageiro, e o que é
definitivo.
Um guerreiro da luz não conta
apenas com suas forças; usa
também a energia do seu adversário.
Ao iniciar o combate, tudo que ele possui é o seu entusiasmo,
e os golpes que aprendeu enquant
o treinava; à medida que a
luta avança, descobre que o entusiasmo e o treinamento não são
suficientes para vencer: é preciso experiência.
Então ele abre seu coração para o Universo, e pede a Deus
para inspirá-lo, de modo que cada golpe do inimigo seja
também uma lição de defesa para ele.
Os companheiros comentam: "como é supersticioso. Parou
a luta para rezar, e respeita os truques do adversário”.
O guerreiro não responde a estas provocações. Sabe que,
sem inspiração e experiência, não há treinamento que dê
resultado.
Um guerreiro da luz jamais tr
apaceia; mas sabe distrair
seu adversário.
Por mais ansioso que esteja, joga com os recursos da
estratégia para atingir seu obje
tivo. Quando percebe que está no
final de suas forças, faz com que o inimigo pense que não tem
pressa. Quando precisa atacar o lado direito, move as suas tropas
para o lado esquerdo. Se pretende
iniciar a luta imediatamente,
finge que está com sono e prepara-se para dormir.
Os amigos comentam: " vejam como perdeu seu
entusiasmo". Mas ele não dá
importância aos comentários,
porque os amigos não conhecem
suas táticas de combate.
Um guerreiro da luz sabe o
que quer. E não precisa ficar
explicando.
Comenta um sábio chinês sobre as estratégias do guerreiro da
luz:
"Faça seu inimigo acreditar que
não conseguirá grandes
recompensas se decidir atacá-lo
; desta maneira, você diminuirá
seu entusiasmo".
“Não tenha vergonha de retirar-se provisoriamente do
combate, se perceber que o inimigo está mais forte; o importante
não é a batalha isolada, mas o final da guerra".
“Se você estiver bastante forte,
tampouco tenha vergonha de
fingir-se de fraco; isto faz seu inimigo perder a prudência, e
atacar antes da hora”.
"Numa guerra, a capacidade de surpreender o adversário é
a chave da vitória".
"É curioso", comenta o guerreir
o da luz consigo. "Encontrei
tanta gente que - na primeira opor
tunidade - tenta mostrar o pior
de si. Esconde a força interior atrás da agressividade; disfarça o
medo da solidão com o ar de
independência. Não acredita na
própria capacidade, mas vive pregando aos quatro ventos suas
virtudes”.
O guerreiro lê estas mens
agens em muitos homens e
mulheres que se conhece. Nunca se deixa enganar pelas
aparências, e faz questão de
permanecer em silêncio quando
tentam impressioná-lo. Mas usa a ocasião para corrigir suas
falhas - já que as pessoas são sempre um bom espelho.
Um guerreiro aproveita toda e
qualquer oportunidade para
ensinar a si mesmo.
O guerreiro da luz às vezes luta com quem ama.
Aprendeu que o silêncio significa o equilíbrio absoluto
do corpo, do espírito, e da alma. O homem que preserva a sua
unidade, jamais é dominado pela
s tempestades da existência;
tem forças para ultrapassar as
dificuldades e seguir adiante.
Entretanto, muitas vezes sente-se desafiado por aqueles a
quem procura ensinar a arte da espada. Seus discípulos o
provocam para um combate.
E o guerreiro mostra sua capacidade: com alguns golpes,
lança as armas dos alunos por terra, e a harmonia volta ao local
onde se reúnem.
"Por que fazer isto, se és tão superior?", pergunta um
viajante.
“Porque, desta maneira, mantenho o diálogo", responde
o guerreiro.
Um guerreiro da luz, antes de entrar num combate
importante, pergunta a si mesmo: "até que ponto desenvolvi
minha habilidade?”.
Ele sabe que as batalhas
que travou no passado sempre
terminaram por ensinar alguma cois
a. Entretanto, muitos destes
ensinamentos fizeram o guerreiro sofrer além do necessário.
Em mais de uma vez, ele perdeu seu tempo, lutando por uma
mentira.
Mas os vitoriosos não repetem o mesmo erro.
Um guerreiro não pode recusar a luta; mas sabe também
que não deve arriscar sentimentos importantes, em troca de
recompensas que não estão a altura do seu amor.
Por isso o guerreiro só arrisca seu coração por algo que vale
a pena.
Um guerreiro da luz respeita o principal ensinamento do I
Ching: "a perseverança é favorável".
Mas ele sabe que perseverança nada tem a ver com a
insistência. Existem épocas que os combates se prolongam além
do necessário, exaurindo suas forças e enfraquecendo seu
entusiasmo.
Nestes momentos, o guerreiro reflete: " uma guerra
prolongada termina destruindo o próprio país vitorioso."
Então ele retira suas forças do campo de batalha, e dá uma
trégua a si mesmo. Persevera em sua vontade, mas sabe esperar
o melhor momento para um novo ataque.
Um guerreiro sempre volta à luta. Mas nunca faz isto por
teimosia - e sim porque nota a mudança no tempo.
Um guerreiro da luz nota que certos momentos se repetem.
Com freqüência se vê diante dos mesmos problemas e
situações que já havia enfrentado.
Então fica deprimido. Começa a pensar que é incapaz de
progredir na vida, já que os momentos difíceis estão de volta.
"Já passei por isso", ele
reclama com seu coração.
"Realmente, você já passou", responde o coração. "Mas
nunca ultrapassou”.
O guerreiro então compreende que as
experiências repetidas têm
uma única finalidade: ensinar-lhe o que ainda não aprendeu.
Ele passa a procurar uma solução
diferente para cada luta
repetida - até que encontra a maneira de vencê-la.
Um guerreiro da luz sempre faz algo fora do comum. Pode
dançar na rua enquanto caminha para o trabalho. Ou olhar nos
olhos de um desconhecido e falar de amor à primeira vista. Um
guerreiro de vez em quando expõe uma idéia que pode
parecer ridícula, mas na qual acredita.
Os guerreiros da luz se permitem tais dias.
Ele não tem medo de chorar mágoas antigas, ou alegrar-se
com novas descobertas. Quando se
nte que chegou a hora, larga
tudo e parte para sua aventura
tão sonhada. Quando entende que
está no seu limite de sua resistên
cia, sai do combate, sem culpar-
se por ter feito uma ou dua
s loucuras inesperadas.
Um guerreiro não passa seus
dias tentando representar o
papel que os outros escolheram para ele.
Os guerreiros da luz mantém o brilho nos olhos.
Estão no mundo, fazem parte da vida de outras pessoas, e
começaram sua jornada sem al
forge e sem sandálias. Muitas
vezes são covardes. Nem sempre agem certo.
Os guerreiros da luz sofrem por coisas inúteis, tem atitudes
mesquinhas, e às vezes se ju
lgam incapazes de crescer.
Frequente-mente acreditam-se indignos de qualquer benção ou
milagre.
Os guerreiros da luz nem sempre tem certeza do que estão
fazendo aqui. Muitas vezes passam noites em claro, achando
que suas vidas não tem sentido.
Por isso são guerreiros da luz.
Porque erram. Porque se
perguntam. Porque procuram uma razão - e com certeza vão
encontrá-la.
O guerreiro da luz não tem medo de parecer louco.
Ele fala em voz alta consigo mesmo, quando está sozinho.
Alguém lhe ensinou que esta é a melhor maneira de se
comunicar com os anjos,
e ele arrisca o contacto.
No começo, nota como é difícil. Pensa que nada tem a
dizer, que vai ficar repetindo bobagens sem sentido.
Mesmo assim, o guerreiro insist
e. Todo dia conversa com seu
coração. Diz coisas com as quais não concorda, fala bobagens.
Um dia, percebe a mudança
em sua voz. E entende que
está canalizando uma sabedoria maior.
O guerreiro parece louco, mas isto
é apenas um disfarce. Ousou
buscar junto a seu anjo as informações que precisava, conseguiu
recebê-las.