sexta-feira, 3 de outubro de 2008


O JARDIM 2

Você deveria ter sido o beija-flor que chegou em mim e me contaminoume possuiunão me deixou partirme conquistou.Você deveria ter criado laços fortes que não se soltam nem machucam mas que manteriam prisioneiro o sentimento de carinho mais suave e doce que já tive por você.Você deveria ter me conquistado aos poucosMe mostrando seus desejosmas se impôs e não respeitou minhas vontades.Não se interessou por minhas necessidadesmas exigiunão aceiteie você me perdeu.Você me obrigou a esquecer de mimE viver por você e só para você
Mas descobri que não sou árvore centenária que nunca sai do lugartenho a alma de um jardim.e por ser assim foi que partijá que os jardins se transformam todos os diasas flores mudam com o tempoE as texturas, formatos, cores e pefumes não se perdem em meio a tantas mudanças.
Sinto as asas da emoção que há muito lutam dentro de minha alma pela libertaçãoOnde estive nos últimos anos?O que fiz de minha vida para agora sentir essa opressão e vazio no peito?Nada! Essa é a dolorosa resposta que grita em mimApenas vivi em função de sonhosAlguns, hoje se tornaram reais, mas e meu coração? O jardim da primavera passada neste ano já não é o mesmoa relva se renova, brotos nascem todos os dias, flores desabrochaminsetos revoam, borboletas e animais passeiam por entre os galhosmas você, beija-flor, não percebeu essas nuances.Assim nada mais existe para ser dito,
Como posso recuperar o tempo perdido?Deixo meus sentimentos livres como as gotas de chuva que caem no vidro da janela
Não! Este jardim não vai secar e morrer.
Chego a conclusão queOu luto e conquisto o que perdi em uma vida inteiraOu ficarei sempre aguardando uma chance que pode nunca virVocê não quis participar da festa que lhe ofereciNão valorizou as cores lindas com as quais me cobri para lhe agradar, dos cheiros novos que lhe apresentei.O jardim não foi podado e nem cuidado, mas as ervas daninhas não continuarão a lhe invadir o espaço.Por isso estou partindo.
E somente o Tempo, poderá me dizer se tomei a decisão realmente certa
Enquanto isso digo até logo e de mala na mão, fecho a porta tão devagar como se fosse um último suspiro de Adeus.

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