sexta-feira, 3 de outubro de 2008



MINHA ALMA SANGRA-

PARTE 2

Levantei da cama hoje com TPM, estou irritada e magoada por coisas que desconheço e nem sei bem o que sinto. A chuva cai insistentemente lá fora, há vários dias e, pela janela observo os pingos transparentes, deixo o pensamento voar subir até o telhado e depois escorrer pelo o chão como uma gota solitária.Ótimo momento para refletir!
Não estou com ódio fatal do mundo, mas quero ser deixada em paz e desejo que pelo menos por um minuto, todos não falassem comigo como se eu fosse um ser descontrolado e sem coração, que parassem de me criticar ou de me dizer o que tenho que fazer da minha vida.
Neste exato momento ninguém, exceto eu mesma, sei o que é o melhor para mim. Sinto as asas da emoção que há muito lutam dentro de minha alma pela liberdade. Onde afinal, estive nos últimos anos?O que fiz de minha vida para agora sentir essa opressão e vazio no peito? Nada! Essa é a dolorosa resposta que grita dentro de mim, afinal sempre vivi apenas em função de sonhos. Alguns, hoje se tornaram reais, mas e meu coração?
Tento a cada respiração, controlar as sensações de incapacidade, vulnerabilidade, inferioridade e menosprezo que sinto por mim e por tudo ao meu redor.
Não quero que as outras pessoas percebam essas mudanças, rápidas, mas profundas e, mesmo assim, meu corpo e olhos dizem ao contrário.
Tem um rio que quer se despejar de mim e, como sempre isso acontece, meu corpo tem que ser preparado para esse desprendimento humano e íntimo que pode trazer vida à terra.
Olho de novo a janela cheia dos respingos da chuva que escorrem como se estivessem numa corrida contra o tempo. Tempo! Esse malvado e sem graça me marcou e está encharcando minha vida de ilusões como a água da chuva que está caindo sobre a terra.O tempo cruel não me deu tempo para mais nada que não fosse sobreviver, um dia após o outro
E para um ser tão fecundo e frágil como me sinto agora, a delicadeza desse momento se torna especial para mim, mas é incompreendida por quem me rodeia e deseja que eu seja banal e comum.
Como posso recuperar o tempo perdido e mostrar para o mundo meu lado feminino que precisa de proteção?Deixo meus sentimentos livres como as gotas que caem no vidro da janela e, que sem direção não chegam a lugar algum. Chego a conclusão que, ou luto e conquisto o que perdi em uma vida inteira, mesmo sabendo da fragilidade que toma conta de minha alma, ou ficarei sempre aguardando uma chance que pode nunca vir, como se a história que iniciei nunca chegasse ao fim. E Tomada a decisão, minha alma grita de dentro para fora de me útero, por 3 longos dias...
Numa manifestação clara de força e coragem para me lembrar que nasci MULHER, logo sou mais forte que aparento, mas ser forte agora parece me custar tão caro...
E percebo então que tenho direito neste momento tão delicado a ter TPM, chorar e ter rancor por coisas que não compreendo. E decido deixar tudo nas mãos do tempo, ele que é tão sábio saberá me dar a resposta certa se eu parar e ouvi-lo direito e, o meu pensamento cria asas, abre a janela molhada de chuva querendo voar...
A chuva causa a fecundidade da terra, assim como me sinto agora, fecunda de sentimentos que não posso controlar. Sei que no final do dia terei sobrevivido a tudo e a todos sem demostrar minhas fraquezas, e enxergo em fim que esse é o verdadeiro ato de coragem, esqueço a chuva me preparo como de costume e encaro o mundo sem medos.
"Toda mulher deveria ser respeitada por isso", penso, quando já dobro a esquina da rua e sigo em frente de ombros erguidos e olhos de quem sabe quem é e, sabe o que quer.
Pois sei que mesmo fragilizada, não vou desistir nunca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário