segunda-feira, 1 de novembro de 2010

RETALHO DE UMA VIDA



Penso que sempre que uma pessoa chega ao final de sua vida construiu e deixa para trás uma colcha de retalhos que tem os mais variados desenhos e cores num mosaico que conta cada fase de seu viver: sua família, amores que viveu ou deixou de viver, amizades que fez ou não, raiva, ódio, frustração alegria, felicidade e tudo aquilo que faz parte da existência humana.
São coisas que se vê ouve, sente, sonha, imagina que outros que pensam que conhece a vida alheia imaginam e os projetos, que podem ou não virar realidade.
E como gosto de escrever sempre na primeira pessoa e trazer para mim as responsabilidades de um diálogo que crio em minha mente estar tendo com quem venha a ler meus textos, desta vez não9 fugirei à regra.
Nesta fase de minha vida tenho uma boa parte desta colcha de retalhos pronta, não chega a ser a sua metade, mas é um pedaço bastante considerável de um patchwork colorido, nem sempre de cores alegres, vívidas. Às vezes, uma parte por minha própria omissão talvez por ser mais cômodo só aguardar as coisas mudarem ou melhorarem, as cores são em tom de pastel; tem vez que terceiros interferem em meu viver de tal forma negativa que meus retalhos ficam deslocados, sem uma forma nítida, irregulares, mal acabados quando se juntam e criam desenhos dos quais não gosto muito, mas que mesmo assim fazem parte do ato de viver em sociedade.
Estes retalhos que tento tanto melhora-los que se tornam manchados. Para tirar as manchas esfrego com tanto vigor que quase se tornam rotos, amassados e imprestáveis. Mesmo os coloco na colcha que contará minha história, pode até que sobre o bastante para se fazer uma almofada.
São aqueles retalhos que me fazem sofrer e sempre me trazem lágrimas aos olhos e que busco esquecer que mais incomodam minha vida.
Por sorte esses são momentos e sentimentos que duram por algum tempo, mas como nada é eterno debaixo deste céu, tenho a plena certeza que eles irão embora, caem num limbo que crio: “vejo, mas não enxergo, sei que existe, mas não sinto, penso e ouço, mas não falo”, convivo bem com isso e dou prosseguimento aos desenhos que quero estampando minha colcha; porque ás vezes descubro tecidos alegres, convidativos e felizes em pontos tão simples e quase inexpressivos que para mim eram desconhecidos e quase insignificantes. São retalhos que costuro com amor, afeto e carinho e se tornam inestimáveis.
Mas tem tecidos que me tocam mais profundamente, me causam tal emoção que mais do que depressa os prendo á colcha de mi nhá vida para não perde-los jamais. E junto com os outros paninhos se tornam em desenhos fantásticos, inesquecíveis.
E não são poucas as vezes que gosto de revê-los ou relembra-los para me trazerem de volta o sorriso aos lábios, principalmente quando os retalhos de má qualidade insistem em me perseguir para fazer parte dessa colcha tão minha, tão íntima.
E assim sigo costurando os desenhos que parte do mundo conhece, outra parte imagina e grande parte inventa para meus retalhos.
Essa colcha ficará por ai quando eu me for para todos saberem que estive aqui nesta terra. Será bela em sua força de expressão e não por sua perfeição, pois sou pragmática, sensível, forte, resistente e terei vivido tudo o que me foi apresentado sem medos e remorsos.
Poderá até ser cobiçada em sua liberdade e sinceridade em se apresentar e nunca por sua capacidade de agradar simplesmente por agradar.
E terá todas as cores e formatos que eu já vivi e viverei e, por si só será única e especial.
Minha colcha com retalhos de minha vida.

Um comentário:

  1. olá! ao ler o texto, percebe-se ( até pelo pouco que tens dito ), que tiveste uma vida atribulada ( até agora ) e com alguns aspectos que te fizeram sofrer. infelizmente, a vida é assim mesmo para algumas pessoas. A vida de cada pessoa, tem manchas cinzentas, mas é com aquilo que nos fizeram e com os erros que nós próprios cometemos, que nos tornamos mais maduros. Com os erros também aprendemos. Com as pessoas, que um dia nos fizeram mal, também aprendemos e com essas pessoas temos que ter sempre pé-atrás ( cuidado ). A seguir a um pequeno monte, existe sempre uma grande montanha. o que não nos mata, torna-nos mais fortes ( isto refere-se aqueles que um dia nos fizeram mal, sem que lhe tenhamos feito algo de mal. ). Normalmente, são aqueles a quem tentamos ajudar, a quem damos atenção, que nos espetam uma faca nas costas. beijos e um abraço.

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