quinta-feira, 28 de outubro de 2010

FRIO NA ALMA 3 o final


Novamente a primavera está chegando, mas é enorme demais a angustia em meu peito.
As ameixas em flor rodopiam levadas pelo vento, pétalas minúsculas caem como sereno sobre mim, andorinhas selvagens vagam pelo céu, borboletas colorem o infinito tornando tudo tão colorido e iluminado, e meu coração bate angustiado.
Os pêssegos exalam um doce perfume, a brisa tão suave leva para longe suas pétalas como se fosse um redemoinho e, rouxinóis cantam em pradarias verdes salpicadas de cores.
O desejo de esquecer reacende a esperança de reatar laços que não foram totalmente rompidos, a busca por respostas me faz perder o sentido e observo ao longe a estrada distante que carrega meus sonhos, me perco em pensamentos numa busca quase eterna.
Oh! Como é doce o frescor da relva na primavera. Onde quer que meus pés me levem só encontro campos verdes e flores do campo por desabrochar.
O sol com seu brilho ainda meio fosco marca o início de novas pedras. Novos amanhecer e descobertas que devem vir com as abelhas que passeiam pelos campos, enquanto os pardais cinzentos perturbam o silêncio das árvores e constroem seus ninhos em recantos secretos. O capim macio e fresco se deita a meus pés. Verdes e calmas paisagens, doces recordações, amargas descobertas, dias de solidão.
Mas esta é uma nova estação, outro ano, um renascer constante na procura por outras aspirações.
E meu coração que estava indeciso se perde no perfume de amores perfeitos silvestres que trazem tantas lembranças de primaveras passadas, texturas e cheiros quase iguais me instigando a procurar a estação certa para meu coração onde os sentimentos permaneçam seguros de sua escolha, evitando as raízes que não fincaram, sementes que não brotaram. Decido aceitar os sentimentos que me tomam o peito e me distraio observando o céu em seu firmamento de nuvens diáfanas confirma o frio da solidão que ainda sinto.
Como se houvesse um diálogo mudo entre o clima que envolve o ambiente ao meu redor e minha alma que permanece neste estado gélido que nada parece poder aquece-la.
Mesmo assim decido ir contra tudo o que me impede de sorrir neste momento e sigo a pequena trilha que pode terminar num laguinho de águas claríssimas ou num maravilhoso destino que está para ser construído a partir de agora.

Um comentário:

  1. olá! adorei essa descrição, da primavera. Um dia, devias de reunir, textos teus e escrever um livro. Existem blogger´s que escrevem bons livros. bom Domingo

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