domingo, 7 de novembro de 2010

A FALTA DE CONFIANÇA E A AMIZADE


A CONFIANÇA QUE PERDEMOS NA AMIZADE
*Por Janete Araújo


Quando se perde a confiança a gente fica desconfiado, querendo ver as provas e passamos a analisar cada gesto em busca de uma traição e tudo isso nos parece quase uma obsessão.
Tive amigos e os perdi por que a confiança acabou e marca ficou para sempre em minha vida e hoje admito às vezes e, até lastimo que seja difícil conviver comigo.
Não sou mais aquela pessoa ingênua que por 16 anos acreditou fielmente num amigo e que não via os sinais ou se os cheguei a ver não lhes dei a atenção necessária para me afastar á tempo antes de ser tarde demais e o estrago ser feito.
Perder amigos de longas datas nestas circunstâncias, é doloroso demais e traumático, pois conhecidos, colegas sempre tive muitos, alguns até bastante influentes e dos quais tenho o maior orgulho, mas amigos que elegi foram uma ou duas pessoas em toda minha vida que passaram a fazer parte desse meu viver de forma íntima e sagrada e fiz tudo para garantir a eles a prevalência dessa minha afeição, mesmo quando era magoada e relevava algumas coisas imperfeições e coisas que não condiziam com o que me diziam ou faziam comigo (um claro um indicativo e eu não percebi); tudo em função do sentimento maior de preservação da amizade.
Saint Exupéry diz em seu livro O Pequeno Príncipe que todos nós somos responsáveis por aqueles que cativamos e prezo tanto isso e levo realmente ao pé da letra essa frase, mas sou direta demais com as pessoas não consigo dissimular e às vezes isso pode ser mal interpretado até por um amigo.
O grande medo mesmo é a traição, já que com ela vem o desassossego de minha alma que para se proteger cria barreiras que visam evitar que a ferida seja aberta e depois de quase curada seja novamente e novamente aberta.
Fico como bicho enjaulado que almeja a liberdade, mas tem medo de não voltar a sobreviver na selva inóspita.
O que o outro pelo qual nos dedicamos tanto e que insiste em nos trair e parece não perceber é que o mal que ele nos causa com seus comentários maldosos, maledicências, antes e principalmente após o fim da amizade.
Ele não se dá conta de como nossa vida muda, a infelicidade, vazio imensurável que fica com uma dor no peito que dilacera as entranhas como uma flecha envenenada pela traição. Mas o falso amigo quer mais... o nosso sangue até a última gota e continua nos torturando até quase nossa vida se esvair.
Neurose, miséria, dilacerações e nossa vida pessoal, nada disso parece interessarem nos momentos em que se dedica a fazer calúnias, difamações.
Depois todos os traídos, ficam como eu: Levam na alma o fragmento da desilusão, decepção, desapontamento e por fim o desprezo e indiferença por aquela pessoa para qual um dia contamos nossos segredos, confidências indiscretas até, tomamos e demos conselhos e dos quais tomamos sempre partido, com a mão em seu ombro como se a dizer “Estou aqui do seu lado pode contar comigo sempre”.
Até chegar o esquecimento e dermos o perdão leva tempo.
E então para se criar uma nova amizade fica ainda mais complicado, pois é penosos voltar a confiar tão plenamente, pois frases e ações desse nosso novo amigo podem desencadear uma sensação forte de Dejavu, e às vezes aquelas barreiras e defesas que criamos para não voltar a sofrer retornam.
Essa nova amizade então tem que ser construída tijolo a tijolo, com paciência e tolerância, mas como fazer o outro entender tudo pelo qual passamos as ciladas, os erros e que tanto lutamos para não serem repetidos?
Resta tentar e tentar até que se chegue a um consenso, pois não existe uma fórmula para se criar e cultivar a amizade. Só a confiança.
*Janete Araújo é jornalista

Um comentário:

  1. Janete,

    estava procurando algo que preenchesse meu coração, que me acalentasse, sobre uma decepção que tive com uma grande amizade de 16 anos.
    Perdi a confiança... aquilo que eu achava que era verdadeiro, partilha, troca, cumplicidade, desmoronou como um castelo de areia. Agrade a Deus por ter lhe inspirado tão sábias palavras neste texto e em outros que li no seu blog. Que você continue sendo abençoada na arte de escrever o que a alma grita dentro de você.

    Grande abraço

    Cláudia

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