sábado, 30 de abril de 2011

MEU RETORNO...


PARA QUANDO EU VOLTA DE ONDE VIM
*Janete Araújo
Nada que eu disser poderá expressar a ternura que sinto agora ao voltar para o lugar de onde parti. Rever os amigos queridos e sinceros que sempre que precisei deles e nem mesmo pedia, estavam sempre ali. Mesmo sem vê-los eu já tinha tal certeza de seus sentimentos que isso me bastava, mas eu não sabia até então dessa importância que tinham em minha vida, só me dei conta após minha partida.
Sei que eles ás escondidas travaram na garganta o choro, pois sabiam que conhecer outras paisagens era naquele instante importante e necessário para mim; para meu autoconhecimento, descobrindo o mundo lá fora. E estes amigos me queriam bem, me saudaram carinhosa e discretamente, mas não sem antes me fazer sorrir e muito! E assim levar comigo lembranças que me nutrem enquanto estou ausente. E se às vezes a saudade bate forte em meu peito, até parece que de lá onde ficaram eles adivinham e se lembram de me dar motivos para voltar a sorrir novamente.
É que quando me fui eu tinha aquele frenesi (necessidade) de ir em busca de algo inexplicável, uma felicidade que tinha quase certeza que estava em algum destes lugares por onde tenho passado talvez escondidinha... ali me espiando, me aguardando, mas não tenho certeza plena disso. E claro, eu fugia da mesmice de onde vim, da monotonia das coisas iguais, das pessoas e queria esquecer um pouco também...fugir mesmo sabe?Para quando eu voltar uma nova realidade esteja me esperando. Ouvi certa vez alguém dizer: “A água do rio que corre hoje não é a mesma de hoje e nem será a de amanhã”. Eu queria e almejava que essa realidade fosse verdadeira por isso me dei este tempo.
Já vi, vivi e percebi muitos mundo e jeitos diferentes de se levar a vida e conviver com situações inusitadas nesta minha jornada e descobri que o mundo no final é um só; e está me levando até onde meus pés aguentarem e a saudade suportar. Rostos, nomes, vidas, cidades passam por mim cada uma deixando sua marca como brasa que levarei eternamente em meu peito.
Mas às vezes sem querer, num repente qualquer, no meio de um sonho, na rua ou se ouço uma frase, me transporto ao lugar de onde vim, meu ninho que naquele dia deixei com aquele sorriso tão largo, mas que agora percebo que se haviam coisas ruins, houve coisas boas das quais vale a pena recordar com nostalgia.
Coisas preciosas daquele tempo e de pessoas amigas e verdadei8ras que me vêm á mente e neste instante começo o usar isso para fortalecer meu coração para um dia retornar e rever tudo e todos! Eu posso já não ser a mesma pessoa é lógico, mas o sentimento puro da amizade permanece bem lá no fundo, inconsciente e latente.
Agora é aproveitar a oportunidade que me foi dada. Doar tudo de mim nesta empreitada para me tornar um ser humano melhor, menos egoísta, que pense mais nos que me rodeiam e minorar as mazelas que estiverem ao meu alcance e depois, de coração leve e renovado devo retornar de onde vim. Pois às vezes cruzamos rios, mares, desertos, estradas que nos levam às terras estranhas na busca por algo ou pela felicidade e reflito se o tempo todo ela não estava bem debaixo de nossos pés. Faltava enxergar a alma, minha e do próximo; pois descobri que eu via apenas o que queria enxergar. Faltava à fé verdadeira nas coisas e a oportunidade de conceder novas chances, mudar meu mundo interior e fazer a diferença sem que ninguém me pedisse essa atitude. Depois que minha missão aqui neste lugar acabar, ir embora vai consolidar essa certeza de mudança que será boa para quem conviver comigo, mas especialmente para mim mesma.
*Janete Araújo - jornalista MG09591-JP/DRTMG

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